A pequenez das pessoas é, quase sempre, proporcional à grandeza da sua pobreza de espírito...


Algures, num qualquer dia assinalado numa folha de calendário antigo, perdido num qualquer canto escuro de uma casa abandonada mas onde perduram as memórias.
Um homem caminha com uma pequena pela mão. A poeira entra-lhes pelos sapatos e tinge-lhes de castanho as meias brancas de sair. Ainda faltam uns bons pares de km até chegar à vila. É preciso apressar o passo, pois o especialista de Coimbra não costuma esperar por ninguém...
- Pai, ainda falta muito? - Pergunta a pequena já cansada.
- Não. Não vês que já andamos a maior parte? Daqui até lá é um salto! - Responde-lhe o pai tentando apaziguar-lhe o desânimo.


Um encontro marcado de véspera, na cumplicidade silenciosa de uma conversa dos tempos de agora, algures entre o pensamento e a agilidade das pontas dos dedos. O aproximar da hora, a indecisão no vestir, o espelho inquisidor... A inquietação a tomar forma, a agigantar-se e a querer explodir de dentro para fora, a vontade furiosa a cegar na urgência quase demente... do desejo do querer. A razão a endoidecer! A ansiedade a doer na eternidade de um instante em suspenso na ambiguidade de um acontecer...